domingo, fevereiro 25, 2007

cisma




breve o olhar sem brilho

percorre as ruínas do tempo

a noite despede os inúteis,

chega a última hora,

a hora em que a cisma entra

nas decisões da memória


troca por instantes

o intervalo vazio da solução,

pela pousada despedida.


entra na veia das emoções

carrega nos ombros os seus males,

na perda que tanto lamenta


o espírito, branco e sem luz

paira ébrio sobre a noite que desce!



l.maltez

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

sentires




saltei os dias, enquanto minha mãe embalava a máquina do tempo, tentando esquecer os gritos ruidosos. sentia o vai e vem acelerado da vida vazia, que guardava na memória das redes de secretos desejos. carregava nos ombros cactos. picavam-me a pele queimada pelo salitre. não havia dor, o sangue escorria como áscuas. a paixão perseguia um rasto agudo. fulgurava a pressão aterradora do sibilar da cobra pérfida, que atravessava o silêncio, da minha memória. saboreava no outro lado do dia, pitangas que colhia no quintal sem paredes. um rasto de esperma precário, fazia-me recordar erros em salas de tortura. senti-me um lugar. os sonhos transmitiam nevoeiros de palavras embaciadas mas hábeis. desnudava muda o ardor das manhãs. no espelho da casa onde vivia, as sombras tomavam formas de corpos rasgados de mim, enlaçados na sofreguidão do ciúme.

os pássaros com mangonha, debicavam a goiaba pútrida. estendi os dedos e toquei nas aves. sobre a mesa da sala, outras mãos, unidas nas sombras, filhas de estrelas escondidas e sem rostos. mãos que acariciavam o saber místico dos sentires. os dedos dançavam no brilho dos meus olhos, senti-os gélidos, extensos. olhei-os fixamente e saltavam miraculosas cores luminosas. feriu-me o gelo intenso da luz.

por fim, adormeci no sumo do fruto proibido.
entrei no engano das imagem...


l.maltez

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

o espanto da luz




a luz espanta através da sombra
e deixa-me morrer lentamente
ancorada às manhãs frias...


lena maltez


os pássaros deslizam sobre as mãos.
cena perfeita de literatura
para falar da morte
onde a única vigília é a constância
de morrer.

deslizam sobre as mãos
como voo de pena de ave
os duendes de cronos
no artefacto da finitude.

a morte é a luz que espreita suave
sem percebemos a grandeza
da claridade que nos oferece.

josé félix


escrevo palavras numa folha de papel
prendo-as ao fio das manhãs…


l.maltez

recebi do poeta que admiro muito josé félix uma oferta, com um enorme significado, tocou-me bastante, por isso não podia deixar de o partilhar, nesta cabana feita de palavras


obrigada Poeta josé félix

  o teu sorriso no esplendor de uma suave explosão chega a mim o teu sorriso. aflui com emoção e calor, como sonhos mesclados nos en...